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Dor e alívio

O sol tinia do lado de fora do carrinho vermelho, e o calor descia em forma de água da minha nuca até o meio das costas. Eu já olhava pouca coisa pelo meu traço de fotofobia e mais ainda pelo sono que venho acumulando a dias. E você também. Estamos nos destruindo pouco a pouco, deteriorando nossa juventude. Ah, como eu esperava por isso!... Deixando a luz esvair por entre os fios dos teus cabelos, você claramente não parecia muito confortável ali, sozinho comigo, sob o sol das 14h30. Se distraia com o celular, provavelmente com o whatsapp que tinha abandonado dias antes. Foram momentos desesperadores. Meu sono era de fato monstruoso. Mas eu não costumo descansar enquanto algo me incomoda. E ultimamente tenho cultivado a mania de não deixar nada pra trás. Isso ai ser importante no futuro, eu acho. - Tua mãe não vai brigar? Uma breve explanação sobre ela não só não brigar como apoiar totalmente uma mudança de curso, algo bem diferente da arte, algo que dê dinheiro. Normal. Se fosse m

Louças sujas

Eu provavelmente não lembro a última vez que eu dormi direito, porque eu fico até muito (MUITO) tarde no computador/internet, fazendo vários nadas e pesquisando um pouquinho sobre coisas que eu gosto e fazendo alguma coisa delas. Os dias são sonolentos, sem dúvida,  mas quase não dá pra sentir, numa jornada que vai da Universidade ao teatro e ás vezes pra um ensaio e outro, me dividindo entre a carreira acadêmica, trabalho e projetos pessoais (e falhado miseravelmente em alguns ~sad~). Eu consigo dar conta de quase tudo, anyway. Então, numa época em que eu ficaria resignada a casa e filhos - como jovem adulta que sou - a eu de hoje ficaria muito, muito inquieta, querendo ir ali e não voltar mais. Porém, ainda vivemos numa sociedade o que? Isso, isso. ~Mais um texto sobre feminismo?~ No. Um texto sobre qualidade de vida. Mais precisamente sobre a minha qualidade de vida. Nessa loucura em que eu vivo, além de preferir, eu estou cercada de pessoas que fazem coisas e rea

Expectativas

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  ou Como o 11 de dezembro começou a ser legal   Para ler ouvindo: XX 88 feat. Diplo Ontem foi meu aniversário. Eu não costumo dar tanta atenção a essa data pois sou uma pessoa de muitas expectativas. Expectativas essas que são ricamente alimentadas pela minha imaginação e que acabam por não serem respondidas. Sim. Fico muito triste por dobrar a esquina e ver que não tem balões, velas e todos os meus amigos segurando um bolo com a cara da Grimes nele. Mas a vida (essa piquena arteira) sempre dá um jeito de mostrar que eu tô enganada.  Tenho construído muito bem a minha firewall pra expectativas com relação á tudo (afinal tenho que me proteger de ir pra casa triste&chorosa, pra comer sorvete ouvindo Dust is Gone) e pra ontem eu realmente não tinha nenhuma.  Meu melhor amigo estava viajando, eu iria trabalhar e provavelmente passar o tempo livre estudando/lendo/pesquisando/tirando xerox porque a vida não tá nada bem e minha lista de coisas acadêmicas pra fa

Apenas mais uma sobre machismo ou o jogo que eu jogo todo dia

Em cena: Uma estrutura retangular também chamada popularmente de ônibus; aproximadamente 70 peças móveis também chamadas de passageiros. Uma missão: escapar delicadamente de ocasionais fricções (também chamadas de encoxadas), consequência do movimento constante do ônibus - ou do movimento de determinados passageiros, também identificados como homens sem o mínimo de respeito. Delicadamente sim, para que esse tal homem não saiba que você se incomoda bastante com esse tipo de comportamento e deseja seguir viagem em paz. Armas disponíveis: uma bolsa/mochila, um olhar feroz suficiente para afugentar e um cotovelo para evitar aproximação excessiva e demarcar território. O jogo começa. Ultrapassar a senhora com várias sacolas que tenta se equilibrar e usá-la como escudo. Tentativa falha, mais um movimento brusco que coincide com a freada repentina. Mais alguns movimentos que mais parecem emboscadas. Você está na metade do percurso e ainda não conseguiu salvar a princesa do c

Bad vibe day

       Sete e meia da manhã. Um olho aberto, depois o outro. Confiro o celular. Ainda tenho uma hora e meia. Esse pensamento me adormece e eu acordo, uma hora depois, tão atrasada que chega a ser indecente. Ponho uma xícara de café esfriando em cima da mesa. Saio correndo em direção ao banheiro.       Sim, eu cheguei com o humor já bastante abalado ao meu compromisso das nove. Uma cara de pouquíssimos amigos, exatamente aqueles que me esperavam (ou não) num banco do terminal, esperando uma chave que parecia nunca chegar. Bem, todos provavelmente já sabiam que algo estava errado comigo. Prova veemente: ninguém perguntou nada.       Decidimos tomar nosso rumo e esperar a chave que abria as portas da esperança nosso espaço de trabalho. Chegamos constatando que já estava aberto, então tivemos poucos contratempos - cof, cof - que chateasse alguém. Até ali.       As vezes você acorda mesmo de mal humor. Seja porque dormiu pouco, porque dormiu mal, porque não dormiu, porque algo aconte

Heróis

        Um dia você sempre se depara com situações constrangedoras. Como encontrar a pessoa por quem você tá afim com ketchup no queixo. Ou pisar num monte de caca a caminho de uma reunião importante. Ou ser bizarro quando tudo mundo espera que você seja incrível e brilhante.        Expectativas nunca parecem ser suficientes para suprir o que os olhos parecem ansiar por consumir o tempo todo. Você precisa de um bom cabelo, uma boa aparência, uma boa desenvoltura social e uma boa vida. Como uma inspiração ás avessas, é importante que esteja sempre bem, confiante e divertido, com um ótimo futuro fazendo tête-à-tête com todo mundo, mesmo que não com você. Nada pode dar errado.       É impressionante o quanto conseguimos ser ambiciosos com a relação a nós e aos outros e como todo mundo se deixa levar por isso. Em algum momento a vida incrível que você tá construindo na escola, no trabalho, com os amigos, na internet, enfim, uma hora tudo isso pisa em falso e aí quem te conhece e você