Expectativas

 ou Como o 11 de dezembro começou a ser legal



Ontem foi meu aniversário.


Eu não costumo dar tanta atenção a essa data pois sou uma pessoa de muitas expectativas. Expectativas essas que são ricamente alimentadas pela minha imaginação e que acabam por não serem respondidas. Sim. Fico muito triste por dobrar a esquina e ver que não tem balões, velas e todos os meus amigos segurando um bolo com a cara da Grimes nele.


Mas a vida (essa piquena arteira) sempre dá um jeito de mostrar que eu tô enganada. 


Tenho construído muito bem a minha firewall pra expectativas com relação á tudo (afinal tenho que me proteger de ir pra casa triste&chorosa, pra comer sorvete ouvindo Dust is Gone) e pra ontem eu realmente não tinha nenhuma. 


Meu melhor amigo estava viajando, eu iria trabalhar e provavelmente passar o tempo livre estudando/lendo/pesquisando/tirando xerox porque a vida não tá nada bem e minha lista de coisas acadêmicas pra fazer só aumenta, nunca diminui.


Mas aí veio o Vrá da vida na minha cara:
  • As 23h30 do dia 10, meu melhor amigo me manda uma música (feita por ele) e um textão do tamanho da minha surpresa que eu demorei meia hora terminar de ler porque as lágrimas não deixavam. Deus... Como eu amo essa pessoa.
  • Uma das minhas colegas de grupo do trabalho do dia me mandou um áudio meia noite desejando feliz aniversário. A voz dela dizendo "ê amiiigas.... feliz aniversário, viu" foi a melhor de todas e eu precisava compartilhar isso com o mundo. Cheguei á universidade atrasada (porque sim) e lá estava ela, ainda sonolenta. 
  • Já na aula, num determinado momento de descuido, alguém abre o Facebook e faz alarde. Eu recebi algumas críticas por aceitar felicitações de pessoas que lembram só porque o Facebook avisa. Nesse caso nem tinha como fazer nada. A pessoa linda que fez isso me levou pra almoçar num restaurando novo, me entupindo de comida e ainda me obrigando a comer pudim. Nunca rejeite alguém que te dê comida. Pessoas assim são raras. Ainda mais quando é pudim. Não, nem pense nisso!
  • Eu ainda precisava trabalhar. Tinha mudado minha folga pra hoje, porque algo me diz que ainda vai rolar uma piscina de bolinhas e que estarei nela. Fui.
  • Saindo do trabalho com meia hora de atraso, corri pra universidade, porque uma festa surpresa me esperava. Sim. Eu ia pra minha festa surpresa. Sim, eu sabia. Sim, eu fazia parte do grupo no Wpp intitulado "Festa surpresa da Jack".
                      Vamu jogar na cara da Jack quando ela chegar
  • Chegando lá, vi que a maior parte dos convidados tinha ido embora porque a maioria ainda tinha aula pra assistir. Mas a festança, regada a vinho e 3 caixas de salgados ainda tinha seus vestígios. Fui um pouco xingada, mas nada atrapalhou a gratidão por aquelas pessoas. Eles não são meus melhores amigos, nem costumam viver comigo, mas o fato de organizarem tudo e tal e coisa e tal (eita caiu um cisco aqui no meu olho agora) me fez sentir muito especial. Sabe? 
  • Na volta fui tentada a ir pro festival de música que tá rolando na minha cidade, o Br 135, mas não havia dormido na noite anterior. Eu estava acaba mesmo. Então fui pra casa. Meus pais me levaram numa pizzaria. Discussões com a atendente a parte (meus pais teimaram em se contradizer na frente dela que nem sabia quem obedecer), foi bem divertido comer lasanha em vez de pizza. A anos não fazíamos isso. Ah, sim. O potão de sorvete só pra mim. Gente, foco em que dá comida.
  • Ainda teve o presente que eu escolhi (uma pulseira linda de uma amiga muito massa). Como podemos ver, nada foi feito sem o meu consentimento.


Eu sei que, se dependesse das pessoas que estavam comigo ontem, eu estaria escrevendo isso com uma ressaca sinistra, com muito mais histórias pra contar (possivelmente não podendo contar algumas), uma falta a mais no trabalho e estando na lembrança de possíveis transeuntes os quais eu não me lembraria (meus amigos são os melhores), mas meu cansaço dessa vida adulta e a responsabilidade da mesma falaram mais alto (como tem acontecido muito, ultimamente, vale frisar).
Porém, eu nunca tive tantas não-expectativas tão felizes no decorrer de um dia, tantas pequenas e grandes surpresas que me arrancaram sorrisos e gargalhadas tão espontâneas. Fora as ligações (de pessoas que detestam falar ao telefones e o fizeram por mim <3), das mensagens de quem estava longe, dos abraços de quem encontrei aleatoriamente (em especial do abraço mais apertado e notadamente visível a todos que passavam na rua na hora. Gente, eu trabalho por lá. Nem sei o que pensam agora, mas, tudo bem :D).


Pessoas. Vocês são os melhores detonadores de expectativas que eu podia ter. Sempre foram.


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